terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Para dar fim a uma falsa solidão.

Brasília, 16 de fevereiro de 2010.

Querida K.,

Pra onde foi a minha inspiração? Do que foi feita a menina forte e cheia de assunto? Qual o problema com o bendito ponto final?
Demorei a achar alguém que verdadeiramente merecesse a tão difícil carta da "volta da F. [s] T." e sabe, acho que era por isso que nada saia. Ninguém merece uma carta como essa: uma carta cheia de crises internas e sentimentos repreendidos, cheia de medos e indecisões. Eu precisava de alguém como a A. F. precisou para contar seus dias tenebrosos naquele esconderijo. Acho que estou entendendo como ela se sentia.
Escrever vai além do desabafo em si, vai além de sentir o alívio instantâneo de colocar pra fora sentimentos presos. É ter uma companhia na ausência total de qualquer pessoa.
Acho que todo mundo deveria escrever para alguém que não existe, talvez assim a gente deixasse de se achar tão solitários.
"É impossível ser feliz sozinho."
Nos últimos dias passei a entender que solidão vai além de não ter alguém físico ou psicologicamente presente. Você pode ter várias pessoas próximas, receber vários telefonemas e ainda assim estar só no meio da multidão. Como também pode estar em um quarto vazio, apenas com papel e caneta, e ter a sensação de estar muito bem acompanhada.
A solidão é e vai além de todos os conceitos agregados a ela. Na verdade, ela se relaciona muito melhor com o desejo de se estar ou não só.
E desejar a solidão é completamente compreensível quando se tem prazo pra que acabe. E logo digo: meu desejo acaba aqui!
E quando me cansar de todos os outros, sei que ainda terei você, minha querida K., como a A. F. também tinha. Mais que folha e caneta, a sensação de estar bem, muito bem, acompanhada.
Com amor,
F. [s] T.

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