terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Para alguém que sabe como deixar saudade.

Brasília, 23 de fevereiro de 2010.

C. L.,

Amanhã é um dos dias do ano que sinto mais falta de você, mais falta do seu carinho e da sua presença no meu dia-a-dia. Confesso que sinto falta de tanta coisa. Falta dos abraços, dos chocolates, das conversas bobas e até das broncas. Sinto falta do interrogatório: "quem?", "quando?", "onde?", "como?", "faz o que da vida? mora com os pais? tem certeza que ele não tem um caso oculto?" Rs. Sinto falta de mesmo depois disso tudo você dizer: -Ele não é homem pra você, F.. Ninguém nunca será.
Sinto falta do seu jeito estabanado, dos cachinhos bons de fazer cafuné, de chorar em silêncio enquanto te abraço, das DR's de um relacionamento que já acabou a meses, de rir feito uma louca sem nem saber porque estou rindo, das piadas nerds e do olhar de cachorro 'pidão', você consegue até que eu deite pra você passar por cima com ele. Sorte a minha você ser bonzinho demais pra isso. Rs.
Queria te abraçar, te apertar, te jogar cima amanhã, mas não posso. A distância física não me permite algo assim. Mas mais que a distância física que passou a ser apenas a desculpa usada pra frieza dos abraços, dos toques, do jeito, sinto que há algo mais.
Há medo de sorrir, há medo de abraçar, há medo de se envolver. Envolver. Quando foi que deixamos de nos envolver? Quando foi que deixamos de olhar nos olhos? Quando foi que paramos de contar nossas verdades, nossos segredos, nossos amores e desamores? Porque você nunca achou que eu fosse notar né?
Quem lê ou vê essas coisas, esses mal traçados gestos, acha que nosso amor é eterno. Acha que essa é uma verdadeira carta de amor. Era pra ser. Ser eterno, moderno, puro e brega. Rs. Era pra ser amizade, mas era pra ser nosso.
Eu, aqui, jurando eternidade quando te ensinei que quem faz o pra sempre sou eu, ou você. Ou a nós. Você tem esse efeito em mim. Você me faz sentir coisas que nunca senti, coisas que não sei explicar, coisas que tenho vontade de ter e ser pra sempre. Ah, se todos a minha volta me fizessem sentir ou ser única assim.
Sei que minha vez passou, minha chance foi dada. Sei que é vez de outra garota, uma paulista como palpite, se sentir assim. Se sentir completa, se sentir mulher, se sentir sua. E ser sua tem um significado maior que não ser de mais ninguém, é mais o poder ser de quem quiser, poder ser de todo mundo e simplesmente não querer mais ninguém que não seja você. Quem dera toda mulher pudesse ser assim, conhecer um carinha assim, como você, sensacional.
Volto a dizer que queria te abraçar, te apertar, te jogar pra cima. Sei que não posso e prefiro acreditar que a distancia física me impede. Mas ela não me impede de escrever todo esse meu egoísmo que é sentir saudade de você.
Te amo, na pureza desse sentimento
que dividimos no nosso pra sempre.
F. [s] T.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Para dar fim a uma falsa solidão.

Brasília, 16 de fevereiro de 2010.

Querida K.,

Pra onde foi a minha inspiração? Do que foi feita a menina forte e cheia de assunto? Qual o problema com o bendito ponto final?
Demorei a achar alguém que verdadeiramente merecesse a tão difícil carta da "volta da F. [s] T." e sabe, acho que era por isso que nada saia. Ninguém merece uma carta como essa: uma carta cheia de crises internas e sentimentos repreendidos, cheia de medos e indecisões. Eu precisava de alguém como a A. F. precisou para contar seus dias tenebrosos naquele esconderijo. Acho que estou entendendo como ela se sentia.
Escrever vai além do desabafo em si, vai além de sentir o alívio instantâneo de colocar pra fora sentimentos presos. É ter uma companhia na ausência total de qualquer pessoa.
Acho que todo mundo deveria escrever para alguém que não existe, talvez assim a gente deixasse de se achar tão solitários.
"É impossível ser feliz sozinho."
Nos últimos dias passei a entender que solidão vai além de não ter alguém físico ou psicologicamente presente. Você pode ter várias pessoas próximas, receber vários telefonemas e ainda assim estar só no meio da multidão. Como também pode estar em um quarto vazio, apenas com papel e caneta, e ter a sensação de estar muito bem acompanhada.
A solidão é e vai além de todos os conceitos agregados a ela. Na verdade, ela se relaciona muito melhor com o desejo de se estar ou não só.
E desejar a solidão é completamente compreensível quando se tem prazo pra que acabe. E logo digo: meu desejo acaba aqui!
E quando me cansar de todos os outros, sei que ainda terei você, minha querida K., como a A. F. também tinha. Mais que folha e caneta, a sensação de estar bem, muito bem, acompanhada.
Com amor,
F. [s] T.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Para responder a escolha de um adeus.

Brasília, 08 de fevereiro de 2010.

A. B.,

Parei e pensei, sim, voltei a pensar em você, em como você era especial e o quão sacana você foi pra deixar de ser.
Lembro de, nos primeiros meses, você fazer um esforço enorme para me apagar aos poucos da sua vida. Recados, depoimentos, fotos. Um recado da minha mãe e uma última marcação que havia no seu coração em uma foto antiga. Deletadas uma a uma. Cada atitude era uma forma de tentar apagar uma lembrança e um jeito dolorido de deixar uma marca ruim.
Simplesmente parei de te reconhecer.
Vez ou outra você aparecia como visitante ou uma desculpa esfarrapada. Um papo furado, uma pergunta sem noção. Por mais que não significasse nada pra mim, era um jeito de dizer que algo da nossa história ainda tinha valido a pena, ainda tinha ficado nem que fosse apenas para ser lembrada. Bem ou mal, mas lembrada de alguma forma.
E agora, um ano depois, você apaga de vez a última coisa que restou. Você escolheu me afastar, pena ter escolhido a forma errada de fazer isso. Mas agora é tarde, e a atitude foi tomada. O que eu realmente ainda me pergunto é porque um ano depois? Pra quê tanto tempo? Foi preciso tanta coragem assim pra fazê-lo?
Bom, ao contrário do que você pensa, eu sou uma boa e.-n., e mais que isso, sou uma boa amiga. E como prova, farei pela última vez o que você quer: me afastar. Espero que você não se arrependa disso, porque tem coisas que não se pode voltar atrás, essa é uma delas.
Obrigada por me entregar assim, o ponto final que eu precisava pra essa história.
F. [s] T.