domingo, 29 de agosto de 2010

Para uma boa lembrança.

Brasília, 30 de agosto de 2010.

R. G.,

Pequeno príncipe. Ainda me lembro de como te chamava nas nossas longas conversas no MSN até o sol raiar.
O tempo em que eu dividia com um quase desconhecido minhas angústias e meus amores. Dividia sonhos, planos e desejos. Desejos esses que hoje viraram apenas lembranças. E você, consegue se lembrar deles?
Da ansiedade pelo vestibular? De como planejávamos comemorar? Da minha carreira como publicitária, da minha ida pra S.P. quando me formasse, de como mesmo de longe eu conhecia todos os seus amigos sem nunca ter os visto e vice versa. Lembra do fim de semana que sonhávamos passar em S.?
Ainda me lembro de como você me deixava confusa com todos os sentimentos inexplicáveis e ao mesmo tempo, você conseguia me fazer sentir a pessoa mais protegida do mundo, mesmo que a 1000km de distância.
Uma noite, um corredor, um "oi" e um sorriso. Uma cumplicidade, uma saudade, uma eternidade. Um sentimento sem explicação, uma boa risada de um sotaque paulistano ao falar inglês. Uma espera. Uma espera sem fim por ver teu nome aparecer, uma espera para que a noite chegue e meu dia comece.
Um carinho, um único carinho. Um único jeito de sentir e demonstrar esse carinho.
Você.
Você em todos os sentidos. Minha maior e melhor lembrança. Você. Você nos meus sonhos. Você meu passado, presente, futuro. Passado.
Você na saudade. Você, minha saudade.
Te amo o tempo que durar nossos sorrisos.
Te amo pra sempre.
Te amo como nunca pensei em te amar naquela última noite.
F. [s] T.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Para um conto de fadas moderno (leia até o final, se puder).

Brasília, 24 de agosto de 2010.

M.,

Sabe aquele príncipe que você cresce esperando bater na tua porta? Aquele que inicialmente apareceria com uma roupinha brega azul, um chapéu com pena e um cavalo branco. Ele te traria uma rosa, beijaria delicadamente sua mão e te puxaria para junto dele em teu cavalo. Vocês viveria felizes para sempre. Fim.
Pois é, a gente cresce um pouco e a nossa visão de algumas dessas fantasias se transformam. Outras não. O cavalo passa a não existir, o príncipe passa a usar umas roupas mais descoladas. Beijo não mão já é um pouco demodê, convenhamos ninguém merece um desconhecido, mesmo que futuro príncipe, babando na nossa mão né?
Mas, mesmo com todas essas mudanças, você ainda espera uma série de sinais para reconhecer o príncipe encantado. O arrepio que cai sentir quando ele pegar na tua mão, o coração acelerado quando o nome dele aparece na tela do celular (sim, celular, afinal de contas você já está na fase de ser uma princesa moderninha), o gesto involuntário do pé subir enquanto acontecer teu primeiro beijo com ele.
Algumas princesinhas vão mais longe e dizem que até aquela irritação por todos os atos dele pode ser um sinal de "paixonite" pelo tão esperado príncipe, mas, aqui, descartaremos essa hipótese.
O tempo passa.
O tempo passa e você passa a perceber que os sinais são confusos. Que muitos parecem príncipe, mas agem como sapo. Você se frusta. Se machuca, se decepciona. Você passa a não acreditar no conto de fadas do qual você foi programada pra acreditar desde sempre.
E por falar em sempre, o que aconteceu com o felizes para SEMPRE? Pois é, sem príncipe, sem final feliz. E claro, você deixa de ser R. e passa a ser C. V..
É, a C., aquela solteirona que só tem vocação pra se deparar com os famosos "L. M.", que se entope de doces falando que são para a v. e joga a culpa de tudo na TPM.
Q., TPM não é desculpa para todos os males do mundo, nem mesmo para seus casos-amorosos-rolos-eternos-sem-futuro.
E é ai que você passa a dizer para todas as amigas "casadas" o quão bom é não se apaixonar, o quão bom é não dever satisfação, sair para qualquer lugar com qualquer pessoa, bom mesmo é ser independente, e você diz tudo isso tão convicta que passa (quase) a ser verdade.
E ser C. já não te incomoda e você já não faz questão de um principezinho loiro de cabelo liso forte o suficiente para te carregar no colo. Você se tornou a famosa "auto-suficiente".
Mas quando menos se espera, aparece aquele magrelo, um pouco desengonçado, engraçado (e aqui eu não falo daquele que só faz piadas idiotas ou imorais, mas daquele que te faz rir pelo simples fato de estar presente), aquele que inexplicavelmente você sente falta. Como eu disse ele não beija tua mão, não abre a porta do carro. As vezes ele liga, as vezes não. Essa figura, que nem de perto se parece com príncipe algum (nem mesmo se você estender os critérios ao S.), passa a representar algo na tua vida: Saudade.
E é na saudade que você vai se lembrar do que o A. [b] M. me disse uma vez e eu vou, agora, dividir com você: todo garoto é príncipe, mas quem os torna encantado é você.
Agora, você descobre que nunca foi C., mas sim B. A.. E ao despertar, você não continua a ser como ela, você é, simplesmente, a princesa que você escolher ser para esse príncipe. Você passa a ser você mesma.
E não, não tenho um final feliz e perfeito para vocês. Tenho, apenas, um começo perfeito, e acredite quando digo, que isso já será suficiente para ser feliz por muito tempo.
The End
F. [s] T.