segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Para 1990.

Brasília, 10 de agosto de 1990.

F. M. T. de O.,

Começo essa carta assim, com teu nome completo, porque hoje você vai começar a viver. Você ainda não é [s], até porque antes disso você será [n], [c] e tantas outras coisas que definirão a sua personalidade dentro dos seus mais variados grupos de amigos.
E por falar em personalidade, menina, você já vem cheia dela. Sua vida vai ter muita aventura e muita história para contar. Segure firme e vá, vá de cabeça, vá sem medo, vá com tudo! Você terá poucos arrependimentos, então encare tudo de frente e de cabeça erguida.
Curta cada momento da sua família. Eles serão as pessoas mais incríveis do seu mundo. Você não vai conhecer seu v. E. e nem seu v. W. (apesar de que você irá construir lembranças com as histórias que te contarão deles) e também terá pouco tempo com a sua v. M. [z], então, nos próximos meses, encante ela, pois mesmo que você não se lembre vão repetir várias e várias vezes que você foi o bebê mais lindo que ela conheceu na vida.

Com amor,
a F. [s] T. do futuro.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Para os clichês de 1/4 de século.

Brasília, 12 de janeiro de 2016.

Querida K.,

Já perdi as contas de quantas cartas comecei pra ti me desculpando sobre quanto tempo fiquei sem te escrever. E esse é o primeiro clichê a ser deixado nesses umquartodeséculovivido. Vou deixar nele cada vez que me senti culpada por ter deixado você de lado, por não ter procurado, não ter telefonado, não ter te contado algo porque afinal de contas, hoje eu me dou conta que você poderia ter feito isso por nós [mas não fez].
Eu vou deixar desse lado dos 25, o clichê de cada desilusão, seja amorosa, carinhosa ou imaginária. Vou deixar a pouca fé que depositei na humanidade depois de cada uma delas. Vou deixar os verbos no passado para escrever no futuro, mesmo que ironicamente isso signifique revisitar as cartas antigas, mesmo que signifique esbarrar nas palavras já escritas para entender que a história só e repete se nós não virarmos a página.
Querida K., aqui comecemos um novo umquartodeséculoaseviver, uma nova fase, um novo momento com novos personagens, novas histórias, novos cenários... Mas com a mesma intensidade e amor de sempre, porque de todos os clichês esse é o único que levo comigo, afinal de contas, não tem clichê mais bonito que o amor.

F. [s] T.