terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Para os clichês de 1/4 de século.

Brasília, 12 de janeiro de 2016.

Querida K.,

Já perdi as contas de quantas cartas comecei pra ti me desculpando sobre quanto tempo fiquei sem te escrever. E esse é o primeiro clichê a ser deixado nesses umquartodeséculovivido. Vou deixar nele cada vez que me senti culpada por ter deixado você de lado, por não ter procurado, não ter telefonado, não ter te contado algo porque afinal de contas, hoje eu me dou conta que você poderia ter feito isso por nós [mas não fez].
Eu vou deixar desse lado dos 25, o clichê de cada desilusão, seja amorosa, carinhosa ou imaginária. Vou deixar a pouca fé que depositei na humanidade depois de cada uma delas. Vou deixar os verbos no passado para escrever no futuro, mesmo que ironicamente isso signifique revisitar as cartas antigas, mesmo que signifique esbarrar nas palavras já escritas para entender que a história só e repete se nós não virarmos a página.
Querida K., aqui comecemos um novo umquartodeséculoaseviver, uma nova fase, um novo momento com novos personagens, novas histórias, novos cenários... Mas com a mesma intensidade e amor de sempre, porque de todos os clichês esse é o único que levo comigo, afinal de contas, não tem clichê mais bonito que o amor.

F. [s] T.