domingo, 15 de março de 2009

Para continuar acreditando na nossa velha utopia.

Brasília, 15 de março de 2009.

L. [a] L.,

Nossa, a última carta que te escrevi eu ainda estava no segundo ano. Um poema de aniversário, lembra? Acho que ainda tenho o racunho dele guardado aqui. Hoje fiquei pensando nas nossas conversas antigas, na nossa "busca pela liberdade", nas discussões cultas e nas fúteis também, no amigo O culto, em tanta coisa. Naquela visita inesperada num dia de semana qualquer. É que sinto falta de coisas assim.
Mas no que eu fiquei pensando de verdade foi no tanto que me sentia leve naquele tempo. Nos problemas bobos e nas soluções rápidas. "A vida é simples, fada, a gente é que complica". Me lembro como se fosse hoje quando você me disse isso pela primeira vez. Acho que tinha me esquecido dessa teoria por uns tempos. Não me orgulho, mas andei complicando demais minha vida, pensando muito antes de fazer, me arrependendo demais das coisas, deixando de dizer o que queria. Dando nó nas coisas sem nem precisar.
Quero minha leveza de volta!
Quero sentir que nada importa além da felicidade, do carinho e dos amigos de verdade. Quero abraços apertados, sentimentos reais e palavras doces. Quero mais poesia! Mais pijama, mais tempo, mais papos furados. Quero um sorriso que dure do nascer ao por-do-sol, uma compania agradável e um lugar mágico.
As pessoas ao meu redor já não são as mesmas, os sentimentos não são os mesmo, meu humor e meu jeito também não. Porque essas coisas mudam assim? Porque as pessoas pra quem a gente jura eternidade não são eternas quanto a gente pensa que vai ser? É tão difícil crescer. Queria ser aquele bebê que você dizia que eu era pra sempre. Ter aquela inocência e aquela fé de que no final tudo ia acabar com uma bela risada.
Pensei nisso tudo o dia todo e cheguei a uma conclusão: a gente só perde essa magia de criança se a gente quer. A gente cresce e o mundo vai dando tanta responsabilidade pra gente que nos esquecemos de fazer nossos olhos brilharem diante dos pequenos gestos. Os detalhes vão sendo deixados de lado e no lugar só vem preocupações e uma agenda cheia de compromissos.
Espera... Para ai!
Não! Não mais. Daqui pra frente as pequenas coisas serão lembradas e valorizadas como merecem. As pessoas ao meu lado serão aquelas que querem caminhar comigo e, agora, a eternidade vai ser encarada de um jeitinho especial. Uma eternidade vivida a cada dia. Eu sei que é bem clichê tudo isso, é tão... Promessa de virada de ano, mas é que to precisando acreditar nisso, precisando viver tudo isso.
As coisas andam muito sem emoção por aqui. Uma rotina estressante e cansativa, um pouco desanimadora eu diria. Eu quero emoção, entende? Claro que entende, você sempre me entende, ou pelo menos, entendia.
Fico por aqui, começando a me sentir mais leve desde essa carta. Acho que você ainda tem esse poder sobre mim: de me deixar mais leve, quase que flutuando, voando. Um dia um sábio menino gigante me disse assim:

~Você não precisa criar asas
Só precisa saber que já as tem
Voar é natural como caminhar
Então corra e não perca a chuva
Te vejo no azul celeste
Cor-de-felicidade
Te vejo à luz da lua
À espera da eternidade.~
Acho que ele já sabia o efeito que tinha sobre minha vida. Meu pó de pirlimpimpim!
Aishiteru, como num passado presente.
F. [s] T.

2 comentários:

  1. Nossa Fe :) q texto mais lindo
    Chega me inspirei. Vou ali voar e já volto
    se quiser vem comigo q vai ser mais divertido x)

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  2. Que lindo...engraçado...é bom saber que tem coisas que fizemos e foram tão significativas...as tais coisas simples...no final, são elas que valem a pena, não é verdade? Conte comigo pequena fada...a vida não é tão dura assim afinal...

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