domingo, 17 de março de 2013

Para dizer o que o medo não deixava.


Brasília, 25 de outubro de 2009.

R. M.,

Não foi assim que imaginei nossa conversa. Na verdade, tem dias que quero ter uma conversa que não consigo imaginar como seria.
Eu tenho uma velha mania de escrever cartas quando o assunto é complicado. Li uma vez em um livro que elas são a melhor forma de dizer algo que você tem medo porque você não vê a reação da pessoa nem precisa ficar horas debatendo o assunto. A pessoa simplesmente lê, concorda ou discorda, mas engole e pronto! Sabe, nesses anos em que tenho levado essa teoria na prática, verdade ou não, sempre foi mais fácil assim.
Não imaginar como seria a nossa conversa me faz ter um medo absurdo de conversar com você. Me sinto uma adolescente de 15 anos ridícula e apaixonadinha pelo charmoso professor de geometria, mas tudo bem.
Às vezes me pego pensando que tudo o que aconteceu entre a gente não acabou aqui, que a nossa conversa só será a confirmação de que estamos juntos. Depois penso que nós não estamos juntos mais, nem vivendo aquilo que começamos a quase 2 meses atrás. E às vezes, bem as vezes, chego a pensar que fantasiei um sentimento maluco dentro de mim.
Eu não menti quando disse que não queria namorar. Eu realmente não queria e ainda não quero. Exagero ou não, os meus últimos relacionamentos não me deixaram marcas muito boas. Dois namoros baseados em mentiras e chifres. Meus sentimentos sinceros trocados por intrigas e “terceiras” intenções. Entre eles vivi relacionamentos frustrantes e desanimadores, sempre com um começo fadado ao fim.
Não, essa carta não é para lamentar meus fracassos em relacionamentos. Mesmo porque não lamento por eles, só pessoas com um espírito pequeno lamentam coisas que mesmo que minimamente tiveram sua importância.
Voltando
Bom, quando dizia que não estava te pressionando é porque realmente não estava. Sei que meu jeito assusta. Essa de uma hora ser um doce e depois parecer que quer provocar, depois parece que quer algo sério e depois diz que não quer nada. Nossa... Acho que fiquei confusa comigo mesma agora.
Cedo ou tarde demais quero que você saiba como eu sou e o que espero/esperava de você.
Quando te conheci na festa da P. [r] A., primeiro esperava que você fosse só mais um menininho “canalha” amigo do W. [f] B.. Canalha no sentido de não se importar com mais nada além de um grande ego. Bom, você não é assim e confesso que o W. [f] B. e o R. [c] M. também não são como eu pensava (Ufa!). Depois de conversar com você um pouco, juro que de certa forma me arrependi de ter voltado com o A. P. logo naquela noite. Sei lá, de algum jeito você me mostrou, mesmo sem saber, que existiam garotos capazes de me fazer sorrir e que eu não precisava apostar mais uma vez no garoto ordinário que deu em cima da minha melhor amiga 5 min depois de me beijar. O arrependimento passou e eu te achei tão fofo que enchi o saco da C. [m] R., sim da C. [m] R. (ao contrário do que você pensa, eu realmente ia te arrumar uma amiga minha) para ela investir em você, mas ela nem deu trela e a gente levava isso na piada.
Eu precisei ir embora e nós trocamos telefones, sabe o que eu esperei de você nessa parte da história? Que você fosse só mais um número. Mas antes que eu pudesse dormir, você cumpriu a primeira promessa e me enviou uma mensagem. Garoto de palavra! Bastou isso pra eu voltar a pensar porque eu estava com o A. P..
No dia seguinte, eu, P. [r] A. e C. [m] R. fofocamos sobre a festa. Falar de você foi natural e eu acho que isso nem preciso dizer né?! Depois disso, você seguiu daí e eu de cá. Namorei com o A. P. e acreditei que gostava dele, ou pelo menos me esforcei pra isso. Acabei te esquecendo por um tempo.
Mas quando me convenci de que o que estava acontecendo entre eu e ele não era “gostar”, você apareceu novamente com o seu jeitinho encantador. Meu namoro terminou de afundar. Não foi por você, foi porque o A. P. não conseguiu fingir mais e eu sofri porque ainda estava acomodada àquele jeito de ‘tratar bem’.
Na festa da G. d’L., foi tudo muito diferente. Nossos papos na internet, pra mim sempre foram brincadeira sabe?! E lá não foi. Aconteceu. E sabe, foi muito legal. Morri de medo, vergonha, sei lá o que. Mas no fundo eu tava curtindo tudo aquilo. Os beijos, carinhos, os olhares. Não da pra pensar naquela noite sem lembrar de você dizendo: “Quando a gente vai se ver de novo?” e eu responder que ia ser quando você me ligasse e você ligar na mesma hora.  Não da pra não sorrir escrevendo todas essas coisas.
Depois, a pizza do dia seguinte e os finais de semana que foram divididos com você. Sempre bons momentos, sempre muitas risadas e claro, sempre um monte de gente com a gente. No começo, achava estranho isso. Ficava tímida com seus amigos e tal. Mas depois acabava sempre me divertindo bastante. Você é cercado de pessoas incrivelmente simpáticas e divertidas, e, principalmente, que gostam muito de você. Fique feliz por isso.
No meio de tudo isso existiram momentos muito especiais, como na casa do R. C.. Foi a primeira vez que não me importei de verdade com o que estavam pensando, se estavam me olhando torto ou me julgando por você estar lá. Acho importante você saber disso, porque sei que muitas vezes demonstrei o contrário.
No seu aniversário, tanto na festa quanto no dia mesmo, foram dias legais, muito legais com você.
Daí veio a viagem dos meus p. e aquela conversa super tensa que a gente teve. Eu fiquei feliz com sua reação na hora, mas depois você começou a ficar diferente. Nós paramos de nos ver, sempre uma desculpa ou alguma coisa que não da certo. Te assustei né?!
Desculpa! Não foi intencional, menos ainda pressão para qualquer coisa. Mas agora foi, fazer o quê. Enfim, ainda assim não é muito tarde para explicar. Você frequentava minha casa e pra mim era super desconfortável esconder do meu p. o que rolava, desconfortável por mim e por você. Sabe, eu não to fazendo nada errado, eu sei, mas eu também tenho que respeitar a opinião dele. Ele não é nenhum carrasco ciumento, mas tem lá suas convicções e eu não espero que você concorde nem nada do tipo, mas que respeite isso. E eu sei que respeita.
Bom, depois disso as coisas ficaram estranhas. Na minha casa foi estranho no começo, mas depois achei que tivesse ficado tudo bem.
Você viajou logo em seguida e com isso deu um belo nó na minha cabeça. O que eu não consegui entender foi porque você passou dias dizendo que ia ligar ou que queria me ver, e de repente foi e voltou sem dar o menor sinal de vida. Ai passei o fim de semana ouvindo minha m. perguntar cadê você, se tinha dado sinal de vida, falando que não estava entendendo e eu nem podia explicar nada porque eu entendia menos ainda tudo isso.
Eu esfriei, realmente esfriei as coisas, como uma forma de defesa. Eu gosto um bocado de você, mas se tem algo que aprendi com tudo isso foi gostar mais de mim do que dos outros. Só que não saber o que ta rolando me incomoda profundamente.
E com tudo isso, as nossas conversas de MSN só me deixam mais e mais confusas. Tem horas que são frias, tem horas que são super legais e tem horas que são do jeitinho de antigamente. Tem horas que me deixam com uma saudade louca e tem horas que me deixam sem a menor esperança de qualquer outra coisa. Dúvidas e mais dúvidas entende?!
Não quero não saber se estou ou não com você e, quando digo estar, não estou falando de compromisso, mas de esperar o mínimo de atenção, a mesma atenção que eu tinha quando te conheci.
Essa carta não é o fim de nada, nem o continuar, nem o começo. É só uma oportunidade de desabafar e dizer tudo o que quis te dizer e ainda não consegui. É uma abertura para que você, mesmo não sabendo lidar com as palavras como você diz, também me fale. É uma demonstração de que me importo com tudo isso, com você, comigo. E espero que você tenha entendido isso.
Beijos com um carinho enorme e um monte de zerinhos.
“Teadoro do verbo teadorar.”
F. [s] T.

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