N. S.,
Quanto tempo não te escrevo. A quanto tempo eu não digo minhas bobagens pra você, na verdade, acho que faz tempo que eu não deixo de ser personagem para ser só F. [s] T., ou melhor, acho que não quero mais ser [s], fico apenas com o F. T. hoje.
É que essa coisa de estar sempre bem, de ser sempre forte, ou até mesmo de ser menininha, cansa. Dá um trabalho fora do sério. Sem contar na forma que faz mal a minha inspiração.
Nos últimos dias, não conseguia escrever. Simples assim. Não escrevia sobre nada. Nem sobre o que tinha acontecido no meu dia, nem sobre meus amores.
E sabe o que percebi? Minha imaginação não feita de amores, mas sim dos meus desamores. Dos meus anseios de querer ficar sozinha, e ainda assim estar bem. Minha imaginação é feita da nossa nostalgia compartilhada.
É entrar no meu quarto, ligar o som com meu pop-rock-suave-romantico, deitar no meu tapete e olhar as estrelinhas que um dia colei no meu teto. Sim! Eu ainda faço isso.
Se lembra quando fazíamos isso? As tarde dedicadas ao "estudo" da física que sempre acabavam em duas adolescentes bobas comendo brigadeiro com morango e contando estrelas de mentira.
Os meus, os seus, os nossos desamores divididos na cumplicidade de uma eternidade jurada. Uma eternidade frágil, poética. Uma eternidade com prazo de validade.
Os poucos amigos. As injurias e mentiras. Os safados, cachorros e sem vergonhas. As idas e vindas de um amor desgastado.
Os seus desamores.
A independência mascarada. A vontade de colo. O desejo de estar rodeada de pessoas. As pessoas que nem sempre querem estar ao teu redor.
Os meus desamores.
Um festival. Um chiclete cor de rosa sabor morango. Uma carta trocada rapidamente no corredor enquanto os professores não chegavam. Uma lágrima. Um futuro presente feito de passado.
Os nossos!
Os seus, os meus e sempre os nossos desamores.
É disso que somos feitas. E não necessariamente, é isso que nos prende.
F. T., sem [s], assim, como você se lembra de mim.
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